Plantas de cobertura, como o próprio termo diz, têm por finalidade cobrir o solo, mas... para que se deseja recobrir o terreno cultivado com plantas?
Sempre importante lembrar que essa é uma prática que caracteriza o plantio direto, portanto fundamental para o sistema de cultivo. Estas plantas têm por função proteger a superfície e melhorar as condições biológicas, físicas e químicas do solo.
De uma maneira geral esta melhoria no ambiente produtivo do solo se deve a proteção que as plantas de cobertura fazem contra a erosão, redução de temperatura na superfície e lixiviação de nutrientes, porém os benefícios não se restringem somente a parte aérea destas plantas, as suas raízes tem um importante papel na construção do perfil do solo.
As plantas de cobertura possuem a capacidade de reciclar nutrientes e, a maioria das leguminosas utilizadas para este fim, fixam o nitrogênio atmosférico. Estas características das plantas de cobertura podem reduzir custos de produção diminuindo a quantidade aplicada de fertilizantes químicos.
Quando se busca aumentar a matéria orgânica do solo, plantas de cobertura são essenciais, pois a capacidade produtiva dos solos brasileiros é muito dependente do teor de matéria orgânica. Na maioria das áreas com alta produtividade são observados elevados teores de matéria orgânica, sendo que esta é importante para a maior retenção de água e nutrientes no solo, pela disponibilização de nutrientes para as plantas e pela melhoria na estrutura do solo.
Além dos benefícios citados, podemos considerar que plantas de cobertura auxiliam no controle de plantas invasoras, doenças, nematoides e de pragas, beneficiando diretamente as culturas sucessoras.
Plantas de cobertura constituem importantes aliadas no manejo de plantas invasoras, este efeito se dá por:
As plantas de cobertura também auxiliam no manejo de nematoides Crotalaria spectabilis e Crotalaria ochroleuca, são exemplos de plantas de cobertura que auxiliam no manejo dos principais nematoides que causam danos econômicos às espécies cultivadas.
As plantas de cobertura também auxiliam no manejo de doenças e pragas. As braquiárias são excelentes no manejo do mofo branco, Crotalaria spectabilis é exemplo de uma planta de cobertura que auxilia no manejo do percevejo castanho – Scaptocoris castanea.
Porém para a escolha da espécie ou espécies a serem cultivadas são necessários alguns critérios, tais como:
Necessidades da cultura comercial;
Características da planta de cobertura como: velocidade de crescimento inicial, eficiência na cobertura do solo, capacidade de reciclagem de nutrientes, sistema radicular profundo e bem desenvolvido, elevada produção de massa verde, resistência à seca, resistência à geada, baixo nível de ataque de pragas e doenças e não ter comportamento de invasora;
Época de semeadura;
Capacidade de manejo: o produtor precisa analisar se tem equipamentos adequados para manejar as diferentes plantas de cobertura.
É importante considerarmos que não existe uma espécie de planta de cobertura que se adeque a toda e qualquer condição. Para cada ambiente e dependendo da cultura sucessora, deve haver um conjunto de espécies mais adequadas. O correto diagnóstico é estratégico na escolha das espécies com maior potencial em agregarem benefícios para o sistema.
O plantio de espécies de plantas de cobertura pode ser feito utilizando-se uma única espécie, duas ou mais espécies semeadas ao mesmo tempo na mesma área. A semeadura conjunta de mais de uma espécie, comumente chamada de “mix”, melhora muito a biodiversidade do sistema. Porém, a escolha de espécies irá depender da finalidade que se deseja ao cultivar plantas de cobertura.
São muito frequentes objeções do setor produtivo ao fato que o plantio de plantas de cobertura não resulta em retorno financeiro imediato, porém as consequências dos atuais sistemas de produção, baseados em sucessão de cultivos, como soja e milho, indicam com muita segurança a necessidade de se introduzir esta prática, por tudo que foi abordado neste texto.
Caso o produtor fique com dúvidas, a foto abaixo mostram os resultados de uma lavoura de milho verão em região que enfrentou muita seca na safra 2021-22.
A lavoura desta foto foi implantada em área que foi executada adubação e calagem conforme recomendação AgroEvox, com cobertura de inverno feita com a mistura de Aveia-branca, Aveia-preta, Centeio, Ervilhaca, Ervilha forrageira e Nabo, manejada com rolo faca antes do plantio do milho.
Abraço e até a próxima.
Fontes:
Como escolher as plantas de cobertura: confira dicas da Epagri, acesso em 18 janeiro de 2022, disponível em <https://www.epagri.sc.gov.br/index.php/2020/09/16/como-escolher-as-plantas-de-cobertura-confira-dicas-da-epagri/>
Artigo - Plantas de cobertura: O que é isto?, acesso em 18 de janeiro de 2022, disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/28512796/artigo---plantas-de-cobertura-o-que-e-isto>
Texto por: Francisco Nogara Neto - Eng° Agr° MsC
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